Uns poucos e tímidos raios de sol despontavam na manhã.
Logo logo, o astro rei se imporia sobre as águas e vidas do Pantanal.
A chalana rabeia no pequeno porto em Corumbá com seus motores roncando, e endireitada, se pôs a navegar subindo o majestoso Rio Paraguai.
Nas margens do rio, os primeiros raios do sol lambem as folhas das arvores, produzindo um brilho lusco-fusco de cores indo do prata ao laranja.
Um reflexo prateado se multiplica nas pequenas ondas da lamina d'água
indo terminar nas margens repletas de camalotes disputando por espaço.
Uma suave brisa agradavelmente morna sopra devagar e macia,
provocando uma incrível sensação de liberdade e bem estar.
O barco, de nome CARCARÁ singra sorrateiro rio acima, levando almas e sonhos, privilegiados passageiros que sorvem desta majestosa obra prima da natureza.
Nesta hora, o sol quase todo exposto se apresenta no horizonte, mostrando um belíssimo céu azul, onde os mais diversos pássaros, em bando e voo solo navegam pelo espaço, como quem apressadamente saem para o trabalho, para os afazeres do dia.
Garças, gaviões, patos, papagaios, araras, tucanos e muitos outros se
multiplicam, numa profusão de cores, formas, gritos, chiados e cantos,
numa sinfonia da natureza majestosamente divina e ímpar.
Na margem direita, observo uma Maria Faceira com seu pescoço dançante
se misturando à róseos Colhereiros, o flamingo brasileiro, a procura do café da manha.
Um gavião Belo com sua cabeça branca pousa suavemente em um galho de frondosa figueira, onde com certeza sob sua sombra, cardumes de pacus e piaus disputam pelo fruto que cai.
Um desengonçado e solitário Tuiuiú acaba de fisgar um peixe que estrebucha no seu preto papo.
Na outra margem, ouço o assustador e ruidoso roncar do que parece ser mil bugios, enquanto um enorme jacaré preguiçoso, escancara sua bocarra aberta bronzeando-se ao sol, e no céu, um bando de araras vermelhas em animada conversa passam proseando em uma estranha língua.
As horas seguem e o BARCÃO CARCARÁ singra faceiro rio acima, atropelando pequenas ilhas de camalotes.
É indescritível o amanhecer no PANTANAL com seus matizes e sons.
O poeta, sob essa pressão de maravilhosa beleza, perde o fôlego e abre as
portas da alma para receber todos os fluidos positivos destes mágicos momentos...
E movido por visível emoção, ergue os olhos aos céus, agradecido ao criador.
Haromax