Mergulharei na salmoura
Insalubre da existência.
Nadarei por dentro de mim
Sem pensar, sem respirar
E me encontrarei no fundo
Onde sempre estive.
E mesmo que me falte
O ar da verdade,
Mesmo que aperte no peito
A dor e a insanidade,
Vou submergir calado
Com a resignação dos justos,
E trarei o certificado
Da plena e merecida liberdade,
A alforria da prisão lúgubre
Do tempo que me afoga,
Da miopia do dia a dia,
Da visão vesga e disforme
Que o tempo me impusera
Num vértice de utopia.
E mesmo que lamente
E aos gritos chore,
Mesmo que a garganta
Estúpida e rouca implore,
Serei altivo e sereno
Em meus intentos,
Estamparei alegria
E sorrisos sem lamentos
Abraços mornos, solenes
sem pegada, sem perfumes...
E quando um dia, talvez,
Tudo tiver que ser contado
Em cânticos de poesias,
Continuarei como dantes
Fingindo e fugindo de mim.
E novamente as escondidas;
Como sina... poetarei!
Haromax